As chuvas, que se abateram na província do Uíge, em todo o ano transacto, destruíram 698 residências, representando um aumento de 182, em relação ao ano de 2021, tendo deixado sem tecto 4.163 famílias, revelou na quinta-feira última, na cidade do Uíge, o delegado provincial do Ministério do Interior.
Matias Monteiro, que falava num encontro com os membros do conselho consultivo do MININT, estimou que os danos aumentaram em 3.647 famílias desalojadas, em relação aos números do ano anterior, e que quatro escolas e sete igrejas também foram abrangidas nas devastações das chuvas.
O delegado do Ministério do Interior na província do Uíge manifestou preocupação com o registo de oito casos de enforcamentos ocorridos na circunscrição, tendo apelado à reflexão por parte da sociedade no sentido de se acautelar tais sinistros que envolvem maioritariamente jovens.
Matias Monteiro lembrou que, durante o período de Janeiro à primeira quinzena do ano passado, foram ainda assinalados 17 casos de afogamento nos diversos rios da província.
Segundo informou, os serviços de Protecção Civil e Bombeiros intervieram em 110 incêndios de pequena e média proporções, que provocaram 56 óbitos, um número que superou as 54 mortes, 67 feridos e a remoção de 56 cadáveres registados no período anterior, tendo destacado o aumento de 54 pessoas falecidas nos sinistros em relação às cifras de 2021.
45 grupos de marginais neutralizados
A alta patente da Polícia Nacional deu a conhecer que a corporação no Uíge registou, em 2022, 1.671 crimes de natureza diversa, representando um aumento de 10 casos em relação ao período anterior, com destaque aos homicídios e roubos qualificados, tendo esclarecido 1.013 delitos. Neutralizou 45 grupos de marginais, compostos por 220 indivíduos que se dedicavam à prática que tirava o sossego dos cidadãos.
Matias Monteiro, que minimizou os números delituosos registados na província, destacou ainda a detenção e condução às autoridades competentes de 1.302 indivíduos, como sendo os supostos autores dos delitos, demonstrando uma redução de 774 cidadãos, em comparação com as estatísticas do ano anterior. A Polícia Nacional apreendeu ainda 68 armas de fogo de diferentes calibres, 15 carregadores, 146 munições, 1.641 quilogramas de estupefacientes, 14 televisores, oito computadores e valores monetários na ordem dos 4.857.300 Kwanzas, cujos resultados, segundo Matias Monteiro, foram fruto de esforços envidados para o controlo, acompanhamento e prevenção da criminalidade. Quanto à sinistralidade rodoviária, que continua a ceifar vidas humanas, grande parte da mesma ocorreu por desrespeito às normas elementares do Código de Estrada, a má travessia dos peões, à deficiente sinalização das estradas, ao mau estado técnico das viaturas e à falta de iluminação em certas zonas urbanas, problemas que resultaram em 88 mortes, 715 feridos e danos materiais avaliados em 78.397.040 Kwanzas ao longo de todo o ano de 2022.
Imigração ilegal
O delegado do Ministério do Interior no Uíge revelou que o número de cidadãos estrangeiros detidos por entrada ilegal em Angola aumentou em 211, em relação ao ano de 2021, num período em que 11 cidadãos nacionais foram igualmente encarcerados por suspeita de auxílio à imigração ilegal.
Matias Monteiro esclareceu que do mês de Janeiro à primeira quinzena de Dezembro do ano passado, as entidades migratórias detiveram 576 cidadãos, todos da República Democrática do Congo, que foram repatriados imediatamente através da fronteira de Kimbata.
O delegado do MININT, que disse serem visíveis os reflexos de actuações dos diferentes órgãos castrenses, informou ainda que os serviços penitenciários internaram, nas cadeias de Kindoki e do Kongo, situadas nos municípios de Negage e Uíge, 1.139 detentos que significou um aumento de 15 reclusos, entre detidos e condenados.
Realçou que a atenção do sector cingiu-se na humanização dos serviços, na criação de condições "ainda que incipientes", de aprendizagem de artes e ofícios, para dotar os reclusos de alguma profissão, com vista a torná-los em homens úteis quando voltarem à sua vida normal.
A cerimónia foi antecedida pela entrega de um diploma ao delegado do MININT por parte dos responsáveis do Serviço de Bombeiros, dos Serviços de Migração e Estrangeiros e Prisionais, como forma de reconhecimento da liderança de Matias Monteiro à frente do sector na província.